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I REIS – XX – DA DEPRESSÃO À VITÓRIA

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agosto 4, 2017 by Bortolato

Depressão é uma palavra muito empregada nestes tempos de crise, embora muitos evitem até o pronunciá-la, por aversão à mesma – exceto quando esta já não representa mais ameaça alguma aos triunfos da vida.

Os esportistas são pessoas que têm que lidar bastante com problemas de stress quando veem que precisam assimilar alguma tentativa frustrada de alcançar o sucesso.   Há sempre uma partida, uma disputa ou uma tentativa infeliz de alcançar uma taça, uma medalha, um pódio, que faz com que estes tenham algo para trabalhar em suas mentes, a fim de não caírem em depressão.

Artistas da mídia, principalmente o segmento dos cantores populares, têm uma carreira não raramente curta, com uma subida, um ápice, e um declínio à sua frente.   Muitos almejam um “Oscar”, ou um “Disco de Ouro” para premiar seus esforços e promover sua carreira, mas são poucos os que logram alcançá-lo.   Quando se veem esquecidos e mal reconhecidos pelo público, perdem os aplausos, os “vivas”, e os elogios aos seus dons, e então chega a hora em que têm que tentar salvar a sua auto-estima para não caírem em prostração.

Às vezes não se sabe onde tudo começou a desabar, mas sabe-se que até mesmo a perda de um ônibus por alguns segundos, isso pode causar um estrago que identifica um ponto histórico da chegada perceptível de uma depressão psicológica.

Um grande esforço dispendido que redundou em nada, um título perdido, ou uma posição mais elevada na carreira cujo acesso lhe foi bloqueado, a perda de um noivado promissor, ou a perda de um ente querido: um grande amigo, um familiar muito próximo como pais, irmãos, ou filhos, ou cônjuge; a desilusão causada por filhos, o fracasso de um empreendimento financeiro, tudo isso pode gerar uma longa guerra ao nível da alma.

Mas V. pode pensar que isso acontece somente com pessoas de espírito fraco, não?   Pois a resposta correta a esta pergunta é: NÃO!   Isso pode alcançar também pessoas de fibra, de grande força interior, verdadeiros campeões, pessoas de grande valor.

Um caso desses, bastante clássico, que surpreendeu um homem muito forte e seguro de suas ações, que foi capaz de enfrentar um auditório de milhares de pessoas que se posicionavam contra ele, sem medo de ser vencido, aconteceu com o profeta Elias, fato este que está narrado no capítulo 19 do canônico Primeiro Livro de Reis.

Isto se deu por cerca do ano 862 A.C., em Israel, durante o reinado de Acabe.

Elias era um profeta de tenacidade inquebrantável como pouquíssimos.  Um homem muito firme e seguro daquilo que dizia e fazia.   Ele estava sempre em sintonia com a Palavra de Yaweh, que lhe era constantemente segredada, e muitas das vezes somente ele estava ciente desta, porque só ele é quem a havia ouvido da boca de Deus.  Isto o impelia a agir com muitíssima segurança, sem titubear.

Ele desafiou a 850 profetas idólatras e a todo o povo de Israel a provarem quem é realmente o Deus de seu povo – Baal, Asera, ou Yaweh.   Enfrentou ao rei Acabe quando este o acusou de ter sido o  perturbador de sua nação, devolvendo a acusação ao próprio acusador, e ainda o desafiou.   Acabe não ordenou que o pescoço do profeta fosse cortado porque esperava que o mesmo pudesse desfazer a maldição de uma grave estiagem de três anos consecutivos. Uma grande massa de público afluiu ao monte Carmelo, que fica em uma região serrana nas proximidades de Acco, ao noroeste de Israel.

Zombou dos profetas de Baal, que foram impotentes para mostrar que seu deus podia fazer acender um fogo sobre o sacrifício de seu altar, e, com uma oração simples, mas bem audível, tocou no coração de Deus, que fez descer do céu uma labareda tal que queimou o sacrifício, as pedras, a terra e a água que rodeava o altar.

Todo vitorioso, Elias chegou ao auge de sua famosa carreira, ao ponto de matar àqueles profetas baalistas junto ao ribeiro que ficava ao sopé oriental daquela cadeia de montanhas, e depois de orar mais um pouco, pedindo por chuvas ao Senhor seu Deus, uma nuvem aparentemente pequena foi-se avolumando rapidamente, e anunciou ao rei, que lá vinha muita água do céu, que estava a caminho daquela região.

Tomado de santa euforia e de um poder de Deus incontestável, ele ainda corre até Jezreel e estupendamente consegue ir à frente do carro de cavalos em que vinha o rei Acabe.

Acabe estava estupefato.   O desafio de um só homem, destemido, frente a frente, desprestigiou e desmoralizou a oitocentos e cinqüenta, e liquidou os baalistas em um tempo recorde de poucas horas.  O rei assistiu àquele espetáculo, e apesar de estar casado com uma mulher que era uma fanática adoradora de Baal, e também de haver construído um templo e uma altar especialmente para esse deus em Samaria (I Reis 16:32), suas convicções ficaram abaladas.   Enquanto voltava debaixo de forte chuva do Carmelo para Jezreel, ele se perguntava a si mesmo o que é que estava fazendo, se não era tudo errado, fazendo o seu povo desviar-se dAquele que é o legítimo Deus de Israel…    E uma outra preocupação ele trazia dentro de seu coração:  – o que é que Jezabel, sua mulher, iria pensar do que acabara de acontecer no monte Carmelo…  ela certamente não iria gostar nem um pouco…

A reação de Jezabel foi das piores que poderia ser.   Ela parecia ter tido um acesso de loucura.  Ficou possessa.   Deu um show de indignação.  Não se conformava com aquilo, em vez de se dar conta de que estava na senda proibida pelo Deus que provara ser o único Deus digno de adoração, mesmo estando na terra dada por Ele a Israel.

Acabe, que já estava acostumado a ceder e ser dominado por ela, apenas deixou que ela tomasse as decisões que julgasse ser cabíveis para o caso.   A fraqueza de caráter desse rei parecia ser uma peteca nas mãos de Jezabel, com a qual ela brincava, fazia e desfazia ao seu bel prazer.   O rei Acabe parecia um joguete nas mãos daquela mulher…

Jezabel logo envia um recado para Elias, dizendo que este já estava sentenciado à morte, pois que ela jurava por seus deuses que dentro de 24 horas o profeta seria executado, tal e qual o foram os profetas que este matara no ribeiro de Quisom.

Não podemos precisar por que os que enviaram tal recado a Elias já não o prenderam para ser morto no prazo cominado pela rainha, mas o fato é que não era fácil alguém por as mãos sobre aquele profeta do Senhor.   Cem homens quiseram fazê-lo, em outra ocasião; intentaram capturá-lo, e foram torrados vivos pelo fogo que caiu do céu (II Reis, capítulo 1, versos 9 a 12).

O ouvir aquela notícia da decretação de sua morte foi um balde de água fria no ânimo de Elias.    Ele esperava que tudo desse certo dali para diante.    Ele fizera tudo certinho, de acordo com a Palavra que Deus lhe falara, orientando-o naquele desafio que, enfim, deveria ter definido tudo, pondo um termo final ao crescente baalismo.   A sua expectativa era a de que, naquele momento, aquela sua vitória no Carmelo tivesse já chegado ao ponto de endireitar o que estava torto, e selar positivamente a sorte de Israel como uma nação de propriedade exclusiva de Yaweh.   Em vez disso, aquela rainha…   que peste!

Elias não viu outra alternativa senão a de fugir de Jezreel.   Suas esperanças e sua visão de futuro estavam turvadas por uma nuvem escura do mal que estava com sede de seu sangue em retaliação pelo que fizera…

Fugir!  Mas para onde?   Uma preocupação logo lhe vem à cabeça: ele tinha um servo que o seguia aonde ele fosse.   Ele olhou para o seu aio, e, preocupado com este, seguiu com o mesmo para o sul de Israel, para Berseba.   Dali em diante, foi-se sozinho, caminhando pela região desértica ao sul de Judá.

Caminhou por um dia todo.   Seus pensamentos se alternavam em várias cenas, através das quais o Senhor fizera maravilhas, firmando e confirmando aquela parceria singular com o Seu servo profeta: os céus que se cerraram negando chuvas por três anos; os corvos que serviram de seus provedores de alimento junto ao ribeiro de Querite; o azeite e a farinha que não acabaram na casa da viúva de Sarepta; a ressurreição do menino que era filho daquela pobre mulher; o desafio do monte Carmelo; e uma porção de outras coisas nas quais o Senhor mostrou-Se forte em sua vida e ministério; mas aquela palavra de ameaça de Jezabel não estava no seu programa…  aquilo lhe estava pesando e doendo dentro de seu coração.

Morrer nas mãos de uma rainha idólatra e blasfema não seria uma glória, ao ver de Elias.   Morrer, até poderia ser, um dia, mas não daquela forma.   Isso não traria benefícios à fé nos corações do povo que viu o que Deus fez no Carmelo.

Parou para deitar-se debaixo de um arbusto, e ali, literalmente, pediu para morrer, em uma oração ao Senhor, com quem tinha íntima comunhão.   Coisa bem característica de quem entrou em depressão. Às vezes é bom que Deus não atenda a certos tipos de oração…

Como o Senhor lhe havia atendido em pedidos muito mais difíceis de serem atendidos, ele estava convicto de que seu desejo de morrer seria satisfeito, e por isso, ali permaneceu, cansado da caminhada, sem ter comido e bebido, pronto para partir e encontrar com os seus heróis do passado, como Moisés, Josué, e… o grande Yaweh, face a face, eternamente,  desfrutar daquela maravilha que é o Reino no Céu, e… assim pensando, adormeceu.

O Senhor Deus, porém, tinha outros planos para sua vida.   Pacientemente Yaweh esperou que Elias relaxasse um pouco, deixando-o dormir por um pouco.

Qual não foi a surpresa de Elias, ao ver que um anjo então lhe tocou, e lhe ordena para levantar-se e comer.   Comer?   O quê?   Elias não trouxe nada para comer.   Além disso, na vida eterna não precisamos de alimentos materiais para vivermos.   O profeta olha para o seu lado, e à sua cabeceira viu que o esperava um pão assado em brasas e uma vasilha de água.

Bem, morrer seria o esperado para um profeta em depressão psicológica, mas já que havia comida e água ali, tão perto, junto de si, fornecida por um anjo do Senhor, a fome e a sede que ele sentia foi ainda mais aguçada, o seu estômago falou mais alto, e ele obedeceu à ordem.   Sempre é bom obedecer ao que Deus nos determina, e aceitar aquilo que Ele nos prepara, no Seu amor.

Elias aceitou de bom grado a gentil oferta que o Senhor lhe fizera, saciara a sua fome física, mas o seu ânimo, seu espírito e suas forças ainda estavam em fase de recuperação – e ele deitou-se novamente, para dormir outra vez.

O paciente amor e cuidado divino, que Ele nutre por Seus filhos mais uma vez espera pela recuperação física de Elias, e deixa-o dormir, guardado pelo Seu anjo.   Afinal, dormir é uma necessidade fisiológica que restaura as energias.  Esta é uma lei da natureza e Elias se sentiu nas condições ideais, naquela oportunidade, de cumpri-la…

Dado certo tempo, e o mesmo anjo do Senhor novamente toca em Elias, mas desta vez lhe diz para comer, e comer bem, porque teria um longo caminho à sua frente.

A Escritura nos diz que com aquele alimento que Elias ingeriu, ele adquiriu forças para caminhar quarenta dias e quarenta noites, até chegar mais ao sul, ao monte Horebe, também chamado monte Sinai.

Qual a fórmula culinária daquele pão, e daquela água?   Ninguém humanamente  nesta terra sabe.  Médicos, nutricionistas, bioquímicos e chefes de cozinha não sabem dizer como foi que tanta energia foi gerada em Elias para ele lograr caminhar tanto, durante tanto tempo e sem cessar.   Pela distância desde o lugar em que o profeta estava, até chegar em Horebe, se ele caminhasse em uma rota direta, que seria a mais curta, teria chegado ali usando apenas a décima parte do tempo que levou, mas como ele teria que usar de picadas e abrir caminhos onde não devesse ser visto, para não provocar alertas e outros tipos de perseguição, ele vagueava por um lado e por outro em sendas não usadas pelo povo.  Enquanto isso, o tempo estava fazendo um trabalho dentro do coração do profeta do Senhor.

Uma vez que o Senhor não quis levar sua alma para o Seu reino de glória, isto significava que havia motivos para tanto.   Às vezes Deus suspende o diálogo com Seus servos, porque os mesmos não se acham em condições psicológicas para receber a palavra que lhes daria uma perfeita direção – mas isto não quer dizer que Ele não falará.   Ele falará, sim,  no momento aprazível, pois a palavra certa dada em momentos certos é como maçãs de ouro servidas em salvas de prata  (Provérbios 25:11).

Elias então pensava em qual seria o posicionamento de Deus a ser aplicado para o seu caso.  Por que será que ele, um profeta frustrado, não foi recolhido, e continuava vivo, tendo que suportar a humilhação e a perseguição que estava sofrendo?   Esta era uma pergunta que pairava em sua mente, voltando por vez ou outra durante o tempo gasto em seu caminho para Horebe.

Ao final, depois daqueles quarenta dias de caminhada em jejum e orações, enfim chegou ao sopé da montanha, com o coração ainda um tanto apertado, espremido, cheio de expectativas e de perguntas.   A caminhada lhe fez bem para relaxar um pouco, mas os questionamentos que se revolviam dentro de seu coração ainda o incomodavam.

Ao buscar um lugar para ali passar a noite, encontrou uma caverna.   Procurou se acomodar, usando sua capa para se proteger contra o frio, mas antes que viesse a adormecer, ele ouviu aquela voz inconfundível, que ele conhecia pelo trimbre, uma voz forte, e ao mesmo tempo reconfortante.

– “Elias, que fazes aqui?”

Ele, o Senhor, o seguiu por todo o seu percurso, e, demonstrando que mantinha um vínculo inquebrantável com o Seu servo, Ele voltou a falar com Elias!   Isto já era motivo de alívio e de alegria!   Uma pergunta Deus lhe fez, abrindo as portas do diálogo.  Isto já era muito bom, um bom início de conversa.

A resposta do profeta denotou um coração carregado de preocupações, e que não vislumbrava nenhuma saída honrosa para si mesmo, que não fosse terminar os seus dias na Terra.    Um certo medo era também um dos ingredientes que embargava a voz de Elias:

– “Eu tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os israelitas abandonaram a Tua aliança, derrubaram os teus altares e mataram os teus profetas pela espada; e fiquei eu, somente eu, e procuram tirar a minha vida.”

O Senhor lhe diz então:

– “Vem para fora e sobe o monte diante de Yaweh”.

Elias prepara-se então para sair daquela caverna.  Enquanto ainda pensava em levantar-se e sair, coisas muito estranhas e  tremendas começam a acontecer lá fora.

Primeiramente, um forte vento passou, de tão forte era que lhe dava a impressão de que estava empurrando as montanhas, separando-as, e grandes pedras se desprendiam e caíam pelos penhascos causando grandes estrondos.

Era um dos efeitos da passagem dos pés do Senhor por ali.   Elias sentiu que aquele vento tinha a ver com a movimentação de Deus ali, mas não era o Senhor, e com isto, temendo sair, ficou mais um pouco dentro daquela caverna.   Afinal,um vento forte como aquele poderia arrebatá-lo e lançá-lo contra alguma rocha…   Mas foi um vento que demorou-se um pouco, e passou.

Após o vento, um outro elemento terrível se manifestava lá fora.   Os montes e a terra passaram a tremer.   Pondo as mãos na parede da cavidade da montanha onde estava, sentia o tremor abalar o lugar onde estava.  Elias se desequilibra, e prefere ficar junto ao chão, para não cair;  olha para a saída da caverna, e embora tudo escuro, ainda pôde perceber que esta parecia dançar diante dele.   Tudo se abalou ali, mas a misericórdia do Senhor, usando de um inerrante cálculo matemático, de engenharia e geológico, não permitiu que aquela caverna desabasse e esmagasse o corpo frágil do Seu profeta.   Não foi a primeira vez que tinha acontecido esta manifestação no monte Sinai.   Nos dias de Moisés, lemos em Êxodo, capítulo 19 , como no dia em que Ele veio naquele mesmo lugar, a terra tremeu muito – mas este era apenas um sinal de que Yaweh estava passando…  Elias sabia que Ele passava, mas ainda não estava presente, perto, junto de si.

Após o terremoto, Elias se apruma, e se anima a sair da caverna, mas ainda dali de dentro, pôde observar os efeitos do vento e do terremoto que acabaram de passar.   Não obstante, ainda outro fenômeno ocorreu.   Um fogo ardente, que caía do céu e levantava labaredas lá fora, e iluminava a montanha e todo o arredor.   Mais um indício de que os pés do Senhor estavam pisando o monte Horebe, como no dia da revelação dos Dez Mandamentos (Êxodo 19:18), mas como sair, sem ser alcançado pelas chamas, ser incendiado e morrer queimado?    Isto era terrível!  Era melhor aguardar mais um pouco…

Estes fenômenos servem para nos dar uma ideia da grandeza e do poder do Deus, do Senhor Yaweh.   Não eram um teatro para apenas impressionar a pessoa que os assistia.    Eram reações fantásticas, sim, mas muito reais, devidas exclusivamente à chegada do grande EU SOU que rasgava o muro que separava a Terra do Céu, onde Ele mantém o Seu santuário, totalmente isento de pecado, e cheio de Sua glória tal como esta é.   Não podia ser diferente.   A Terra não cabe debaixo de Seus pés, e por isso os montes se abalam, fogem, derretem-se, e testemunham que há Alguém muito grande, capaz de esmigalhá-los com apenas um toque de seu dedo mindinho.

Então, depois daquele fogo tremendo, enquanto os montes expeliam fumaça, e as coisas pareciam estar se acalmando, novamente se fez ouvir uma voz, aquela voz que Ele tem, capaz de abalar a Terra, mas que se fazia ouvir mansa e delicadamente:

– “Que fazes aqui, Elias?”

Era Ele!   O grande EU SOU!   Ele não apenas passou, mas Ele chegou para transformar!  Para mudar as coisas, e colocá-las no devido lugar!   O Seu poder é imenso!    Era a hora da Sua vingança sobre os que não O temem!   Agora, diante dEle, que valor, e que importância têm Jezabel, Acabe, e todos os profetas idólatras do mundo?   Zero!  Estes que se cuidem e se arrependam do que fizeram, porque o Senhor dos Exércitos de querubins e serafins estava com Elias!    Agora sim, como dizem alguns, era chegada “a hora da onça beber água”!

Elias, sentindo-se pequeno como uma formiga diante do Senhor, então se anima, recompõe-se e resolve que era a hora de sair da caverna, sair da depressão, para ir ao encontro dAquele que tudo pode, a Quem ele servia com grande dedicação e amor – mas antes, tomou o cuidado de cobrir o seu rosto com sua capa, a fim de não ser cegado pelo resplendor da glória de Deus, e fulminado pela sua imprecaução.

Elias, já bem melhor em seu ânimo, não tinha palavras para falar!    Que dizer, depois de tudo aquilo? Mas pôde repetir, como em uma reza, as mesmas palavras que havia usado para responder àquela mesma pergunta.   Qualquer resposta divina aos seus temores, naquelas alturas, aquela seria a saída, fosse o que fosse, e custasse o que custasse.

A palavra que o Senhor deixou então para o Seu profeta foi aquela que serviu para reeguer-lhe a confiança de que ninguém seria capaz de lhe fazer mal, porque o Seu poder o havia visitado, e ainda não era a hora dele ser recolhido para a eterna presença divina, porque restavam algumas tarefas a serem executadas, antes disso.   Quando tudo parece estar perdido, o Senhor nos mostra uma saída iluminada…

Apenas para exemplificar, o Senhor lhe dá uma ordem que se desmembrava em três, as quais dariam perfeita conta de desfazer aquela hegemonia de Baal sobre a Eretz Israel.    As três tarefas se resumiam em apenas… ungir.   Ungir três pessoas!   Três pessoas chaves que cumpririam a vontade do Senhor, em cooperação e continuidade com aquilo que Ele já iniciara através da vida e do ministério de Elias.   Quem seriam essas três venturosas?

A primeira delas, não era ninguém da linhagem dos filhos de Jacó.   Não pertencia ao povo de Israel, por estranho que parecesse!   Um gentio.   Um homem que não era um rei, mas apenas um dos comandantes dos exércitos da Síria, de nome Hazael.   O que este deveria fazer nos anos a seguir, isto é o que ainda veremos adiante.   Por ora ficamos com uma palavra: violenta guerra contra Israel!   Não sabemos quando esta unção veio a ser-lhe derramada, mas o fato é que Hazael sucedeu ao rei Ben Hadade conforme II Reis 8:7-15.

A segunda pessoa mencionada que deveria receber o óleo da unção profética foi alguém que, embora servisse ao corpo militar subalterno a Acabe, não tinha nenhuma simpatia para com a idolatria devotada a Baal.  Esta tarefa de ungi-lo não foi executada pessoalmente por Elias, mas por um dos discípulos dos profetas de Eliseu, o seu sucessor na Terra, e aconteceu tempos depois que o Senhor havia tomado o Seu servo (II Reis 9:1-10).   Aquela unção deveria ser derramada sobre a cabeça de Jeú, que então era apenas um dos capitães dos exércitos de Israel, mas este haveria de cuidar de devolver a Acabe, Jezabel e sua descendência, todos os homicídios e crimes que os tais cometeram durante seu reinado.   Este foi um ato muito ousado do executor desta tarefa, haja vista o que aconteceu a Davi quando foi ungido por Samuel para ser rei no lugar de Saul.  Por algum motivo, Elias parece tê-la delegado a Eliseu, e este,  por sua vez, a um dos seus seguidores, mas os efeitos esperados foram muito satisfatórios aos olhos do Senhor e de Seu profeta, e sem tardança.

A terceira pessoa que deveria ser ungida foi, na verdade, a primeira a receber aquele óleo em sua cabeça – e não somente o óleo, mas também o toque da capa de Elias em seus ombros.   Este foi Eliseu, filho de Safate, que estava lavrando a terra usando doze juntas de bois adiante dele.   Foi uma agradável surpresa para ele, aquele chamado.    Eliseu mal teve tempo de avaliar o que significava aquele ato, mas pensou um pouco, não se demorou, e calculou que deveria fazer algumas coisas para formalizar a transição.   De lavrador da terra, para ser um fiel seguidor do profeta!   Logo, este deixou de lado os animais, correu até Elias e disse-lhe que aceitava o repto, e para deixar bem evidente a sua decisão, iria até sua casa para dar um beijo de despedida em seus pais, eliminaria as pontes que o vinculavam à aragem da terra e em seguida voltaria para seguir em sua nova etapa de vida.   Do jugo dos bois fez lenha para queimar a carne dos tais animais, os quais matou, todas as doze juntas, e deu-a ao povo, ao seu próximo.   Dali, ele se levantou para exercer uma caminhada que culminaria ao ser um sucessor à altura do profeta Elias.   O tempo iria dar a ocasião para isto.   Esta sucessão teria o propósito de dar uma sequência ao ministério de Elias, especialmente no combate a Baal.

E a vida de Elias não parou por aí.   Muitos outros milagres o Senhor ainda haveria de fazer através dos dons dados ao seu ministério, para mostrar quem era e é o Deus de Israel.   Sua depressão acabou desde o momento em que Deus lhe passou instruções sobre como deveria proceder para levar sua vida ministerial dali em diante.   A simples presença gloriosa e poderosa de Yaweh no monte Sinai já transformou o coração de Elias, renovando-o e  tornando as suas dificuldades em fatores que contribuíram para uma vitória ainda mais eficaz.

Vemos que Elias era um servo de Yaweh usado muito poderosamente.    Era temido por muitos, amado por tantos, e odiado por outros.   A tendência do povo depois daquele episódio do monte Carmelo, desprestigiando aos profetas de Baal, seria a de idolatrá-lo, como se ele fosse um deus – mas a sua fraqueza diante da rainha Jezabel nos mostra aquilo que deveria ser óbvio: que ele era um ser humano, sujeito às mesmas fraquezas que outros têm.

Apesar do lapso desse tempo em que Elias se mostrara um tanto depressivo, o valor espiritual deste profeta é incontestável.    Embora, para alguns, um servo de Deus tenha que ser extremamente zeloso e perfeito em todos os seus caminhos, apesar das falhas que podemos notar em cada pessoa a quem Ele tenha querido usar, a misericórdia e a longanimidade do Senhor são incomparáveis, nunca cessam, e Ele usa a todos quantos quer, da maneira e no momento em que Lhe aprouver.

Na verdade, o único Servo que Yaweh pôde usar sem jamais ter achado falha, erro ou resquício algum de quaisquer tipos de pecado foi o Seu Servo Sofredor, o qual em Isaías, capítulo 53, mostra um modelo fiel.    Que a perfeição do Cristo, o Senhor Jesus, nos seja acrescentada, para Lhe sermos alguém que Lhe dê muitas alegrias, impelidos pelo Espírito Santo, e a Sua obra possa prosseguir, alcançando os propósitos divinos por onde quer que passemos.

Sede benditos do Senhor que fez os céus e a terra, e que a Sua unção, a Sua glória e o Seu louvor sempre acompanhem nossa trajetória.


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