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JÓ – VI – UM RECALCITRAR INCÔMODO E CONSTANTE

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julio 5, 2020 by Bortolato

Jó capítulos 8 a 10

Errar é humano, mas dizem que o persistir no erro é pura burrice. Não é muito simpático falar assim, mas é o que acontece constantemente entre seres humanos, tanto o errar como o incorrer nos mesmos erros.

Insistir numa mesma posição já rechaçada, seria pura teimosia, mas não falta quem faça assim.

Quando duas pessoas ou mais discutem seus pontos de vista e discordam entre si, e ambas desejam impor a sua visão sobre determinado assunto, insistem, e tornam a repisar conceitos já debatidos – isto se chama discutir em círculo. Aliás, em círculo vicioso. São lançados os mesmos axiomas , as mesmas premissas, cujos autores pretendem fazer-se vencedores no debate, julgando-se os certos, e o oponente, o errado. Assim repetem as mesmas ideias, uns aos outros, não arredam pé em um centímetro sequer, e a conversa começa a ficar longa e enfadonha, quando os ânimos não ficam exaltados.

Vamos colocar aqui o exemplo bíblico que está nos capítulos 8 a 10 do livro de Jó.

Depois que os amigos de Jó começaram a ouvi-lo, indignaram-se com a ousadia do homem que sofria por terríveis perdas na vida, e agora jazia enfermo em cima de uma porção de cinzas, qual um desventurado pelo destino, deixando à mostra as roupas rasgadas que usava, em sinal de grande inconformação com os fatos que lhe advieram.

Elifaz foi o primeiro a tentar admoestar Jó, mas eis que não logrou convencê-lo. Jó refuta terminantemente essa ideia de que Deus teria pesado sua vida numa balança e o havia encontrado em pecado.

Bildade, o suita, então encontra a sua oportunidade de falar. Presume-se que este cidadão teria sido um descendente de Suá, um dos filhos de Abraão com Cetura (Gênesis 25:16). Por estranha coincidência, seu nome significa “filho da contenção”.

Assim como Elifaz, Bildade também repreende a Jó por falar palavras “qual vento impetuoso”, e deste modo ele inicia o seu discurso.

Bildade estava preocupado em defender a justiça de Deus, ignorando por completo o estado em que caiu o seu amigo que tão sofrido, doente, cansado e desiludido estava, que chegou ao ponto ápice de desejar a própria morte.

Querendo defender a justiça de Deus, Bildade deixa subliminarmente asseverado que esta veio sobre Jó porque não poderia falhar, e muito menos simplesmente prevaricar, caso contrário estaria conivente com o Seu servo, que devia estar em pecado. Em suma, que a desgraça caíra sobre Jó porque ele tinha que ser apanhado no seu pecado, e sofrer as consequências.

O estado em que Jó caíra, de miséria física e psicológica, era o atestado que Bildade erguia como uma bandeira, de que Jó havia errado muito em seu viver. Aquilo era apenas uma “ponta de um iceberg” que se erguera, empurrada para a flor da água por um volumoso conteúdo de contínuos pecados.

Sem esperar que Jó dissesse algo, Bildade ainda propõe-lhe que se arrependa, pois os filhos daquele, que já morreram tão drasticamente, já haviam recebido a paga por seus pecados, e assim caberia a Jó tomar o exemplo dos seus mortos para si, tomar jeito de voltar para os retos caminhos, pois senão as coisas piorariam ainda mais.

Os pecadores são secados pelo hálito de Deus, assim como o junco ou o papiro se secam, mesmo estando ainda com suas raízes n água e no lodo (Jó 8:12) Bildade também ressalta que Deus não rejeita ao íntegro, colocando assim uma exortação para Jó consertar-se.

Bildade, assim como Elifaz, estendeu dessa forma o dedo acusador contra Jó, que mal podia compreender tamanha falta de consideração da parte de seus amigos.

Tais e quais verdadeiros promotores públicos de justiça, eles colocaram, de certa foma, o amigo doente no bando dos réus.

Isto fez com que Jó se sentisse dentro de um tribunal, onde ele, e só ele mesmo, é quem poderia advogar em sua defesa.

Jó, no capítulo 9º do livro que leva o seu nome, reconhece que ninguém poderia ser mais justo do que Deus, e ele mesmo sabia que não teria condições de pretender assim fazê-lo, bem como qualquer ser humano nesta vida. A visita dos seus amigos fizeram com que Jó se sentisse como que respondendo a um processo de investigação criminal, aproveitando-se da intimidade que tinham um com outro. Ele contempla aqueles que o estavam a rodeá-lo, dá um suspiro, e alega com toda a sua alma a estes como seria desejável se de fato ele pudesse testemunhar em seu favor diante do grande Juiz de toda a Terra.

Este profundo anelo de sua alma, no entanto, nem seria possível de ser realizado, a menos que o próprio Deus o convocasse para comparecer à Presença do Santo. E na Terra não havia quem o convocasse para subir ao Supremo Tribunal do Céu no estado em que estava.

Caso isto viesse a acontecer, em termos de justiça Jó sente muito que o seu pleito não poderia vingar, como parte vencedora no processo, porque a Justiça de Deus é muitíssimo reta e pura, de tal forma que o homem mais íntegro da face da Terra seria condenado, não subsistiria ao julgamento.

Em um Tribunal tão sublime como o de Deus, ademais, não haveria um mediador (9:33), o que significa que, num processo comum neste mundo, teria de haver alguém para proceder como um juiz, que na prática autóctone da sua época, seria aquele que imporia as mãos na cabeça dos representantes das duas partes contrárias, e declararia que, como árbitro da questão, este seria uma autoridade acima de ambos, e que a decisão que fosse tomada teria que ser acatada de qualquer maneira, de modo submisso, contrariando ou favorecendo a quem quer que fosse, em respeito à posição daquele que proferiria a sentença final.

Logo, não haveria ninguém mais que pudesse garantir uma reta justiça em favor de Jó, a não ser o próprio Deus, o Qual, naquele momento parecia-lhe estar tendo prazer em oprimi-lo. Daí, a triste insegurança em obter sucesso ao pleitear a sua causa abatia o ânimo de Jó.

Além disso, acontecia também que Jó sentia que estaria sozinho num Tribunal daquele nível divino, onde os seus presumidos pecados o estavam fazendo turvar suas ideias, fazendo-o ficar confuso. Naquele ponto de sua vida, ele confessava que todo o tratamento drástico ao qual havia sido submetido estava levando-o a perder a razão, a capacidade de raciocinar normalmente, tornando-o incapaz, tal e qual um insano, ao tentar expor palavras em sua defesa.

O que, no entanto, mais deixava Jó machucado dentro de seu espírito era saber que, embora fosse um homem justo ao extremo, e muito temente a Deus, e apesar que os seus próprios atos de justiça falassem tão alto, isso de nada lhe valia, pois jamais superariam as justiças de seu Criador. Assim, o seu estado lastimável tenderia a pesar-lhe em sua alma e em seu corpo por tempo indefinido.

Dentro desse permanente quadro dramático, e sem perspectivas de uma solução de continuidade a aterrorizar o homem que dessa forma sofria, Jó passou a fazer viagens de delírio em meio aos seus tormentos.

A visão que Jó passou a fazer de Deus, então, começou a ficar distorcida, levado pelo seu desespero. Pensando que a vida logo acabaria por completo quando a morte lhe viesse, ele começou a argumentar de forma ousada, que fugia dos eixos de seu comportamento normal, pois achava que já não tinha mais nada a perder.

Imaginando o tempo todo que Deus teria sido o causador da sua desgraça tão grande, e de achar também que não merecia castigo daquela monta, Jó volta-se a Deus lançando mão de toda uma lógica humana, que por vezes chegava a ser bizarra.

Debaixo de uma visão humanista da Pessoa Divina, Jó pergunta ao Senhor se lhe parece bem que ele seja oprimido ao máximo, e ainda seja deixado ao léu, nas mãos do conselho dos seus amigos perversos. Devido a essa sua imperfeita teologia Jó reage sem esperanças de sucesso, pois isso lhe sucedeu enquanto tinha sido bom e justo, e recebeu tal pena. Nem pensar se ele então tivesse sido um homem ímpio (10:15).

Mais uma vez pois o sofredor Jó, imputando todo o seu mal à ação de Deus, que o teria feito Seu inimigo, ele pede-Lhe que o deixe tomar alento pelo menos por um pouco de tempo, porque seus dias sobre esta Terra seriam poucos, e já não restariam muitos mais a serem vividos (10:18-22).

Esta infelizmente é a crença dos que julgam que Deus é um velhinho impertinente, sádico e irritadiço, sempre com um chicote na mão para castigar a quem quer que seja, bons ou maus, a fim de saciar uma fome perfeccionista de justiça, jamais capaz de recuar ou relevar faltas a quem quer que seja.

Desta maneira, pois, é que Jó via a Deus, capaz de infligir o mal sobre Suas criaturas, sejam estas boas ou más.

Vejamos bem se não é este o perfil de Satanás. Quem é o príncipe das trevas? Quem é aquele que lançou mão da opção pelo mal para afligir pessoas? Quem é aquele que se regozija ao ver a condenação e a morte dos seres humanos? Quem é aquele que gosta extremamente de ver alguém sofrendo, e estica o quanto pode o seu limitado poder que tem, de deus deste século, para forçar e conduzir homens à blasfêmia? Quem é que ama por demais distorcer fatos e verdades com o objetivo de arrastar pessoas para o mal, fazê-las seus adeptos, e engrossar o cordão dos malditos hereges que lutam contra Deus?

Ainda hoje podemos testemunhar que alguns fazem insistentemente o uso de todos os argumentos possíveis e impossíveis para deslustrar a glória, a justiça e o amor de Deus. Outros, menos conscientes do que estão fazendo, deixam-se levar por tendências filosóficas errôneas, como foi o caso dos amigos de Jó, contribuindo com o agravamento da dor daquele que passa por profunda dor em sua alma – e incontinenti colaboram com Satanás para esse fim, acrescentando um mal estar que bem poderia ser dispensável, além daquele que o próprio diabo impõe com sua maldade.

Tal como políticos que buscam acusar implacavelmente aos seus inimigos, não se importando com o que possa prejudicar ao bem comum do povo. Aliás, ao mesmo povo que prometeram livrar de situações indesejáveis, caso fossem eleitos para fazer-lhe somente o bem; mas mentiram o quanto puderam, às vezes descaradamente, e não admitem que erraram. Este é um dos papéis típicos do príncipe das trevas.

Como políticos que fazem jogo sujo, procurando sabotar a qualquer custo o sucesso do seu concorrente, operam o mal e imputam a culpa sobre os seus oponentes, assim se mostra uma das estratégias de Satanás – e Jó engoliu isto em seco, foi envolvido, pensando equivocado que o mal que lhe adveio foi de iniciativa da mão de Deus.

Saia desse engano, pois as hostes do mal vivem trabalhando parar confundir a quantos possam com vistas a obter alguma vantagem, e dentro dessa sua malévola intenção, ainda vão levantando outros para acusarem as pessoas de bem, para forçar estas a se indisporem contra Deus. Depois de sua tarefa peçonhenta, procuram esconder-se em um sutil anonimato, ainda rindo-se ao verem os males causados por suas façanhas ocultas.

O triste estado de Jó provocado pelo príncipe das trevas e a ignorância sobre a origem do mal que o atingira, levaram-no a pensar que Deus inexplicavelmente se havia tornado seu inimigo.

O próprio Senhor Jesus teve que enfrentar esse espírito maligno por várias vezes até o fim de Seu ministério; quando consentiu em oração (Mateus 26:39, 42) ser crucificado, quando estava terminando de orar no Jardim do Getsêmani, e então chegou a turba guiada por Judas Iscariotes para procurá-lo e prendê-lo, ao que Ele lhes disse:

-”Saístes com espadas e porretes, como para deter um salteador? Diariamente, estando Eu convosco no Templo, não pusestes a mão em mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas”. (Lucas 22: 52b – 53)

E assim Ele, inocente, o aceitou e teve que tomar a cruz nos Seus ombros para carregar o peso dos nossos pecados.

Como vemos, a ação das trevas acarretam sofrimentos até mesmo ao próprio Deus. O Senhor sofre quando vê que alguma de Suas criaturas se envereda pelo mau caminho. O sofrimento afinal é algo que terá que fazer parte de nossas vidas até que se complete o final dos tempos nesta Terra. Não é nada agradável sequer ter de admitirmos isso, mas os fatos são fatos, que se nos mostram de forma inequívoca, mas temos boas notícias: podemos lutar contra o mal, e vencê-lo.

Não há quem não tenha que lidar com os ataques das trevas nesta vida. Importante, porém, é sabermos identificá-los, e aplicarmos a técnica correta e específica para derrotá-los. E não há nenhuma outra maneira de nos sairmos vencedores, se não estivermos amparados pelo poder e pela direção de Deus.

Olhemos para a vida de Jesus, o Cristo. Ele venceu o inferno em todas as instâncias em que teve de enfrentá-lo. Curou enfermidades as mais incuráveis, dando nova vida aos Seus queridos, alcançados pela Sua graça. Foi tentado no deserto, quando o inimigo de nossas almas Lhe ofereceu todos os reinos deste mundo, no maior blefe de todos os tempos. Em jejum, com fome e sede, o diabo lhe sugeria transformar pedras em pães, a fim de desviar o foco da missão que estava reservada ao Cristo. O diabo ainda teve a pachorra de conseguir levá-Lo ao pináculo do Templo, desafiando-O a atirar-Se dali abaixo, para que fosse levado a abusar do poder de Deus, outra vez querendo tirá-Lo da missão da cruz.

Em todas essas ocasiões, Jesus foi sempre o grande vencedor, malgrado todo o recalcitrar intermitente e incansável do inimigo.

E a cruz? Alguns há que a interpretem como um acidente de percurso que tirou da Terra o Filho de Deus, mas não foi nada disso. Jesus não foi derrotado na cruz, pelo contrário. Ele não somente venceu todas as investidas do diabo, até o fim, como abriu o caminho que nos leva a Deus.

Nenhum outro líder religioso ressuscitou depois de três dias, e a todos quantos nEle crerem, Deus lhes dará também o poder de serem semelhantes ao Seu Filho, prometendo-lhes uma gloriosa e maravilhosa ressurreição para a vida eterna.

Esta vida aqui não é eterna, cheia de ilusões que se desfazem como pelo vento; nem pode ser comparada com uma eternidade junto a Deus, no Céu eterno.

O melhor de tudo é que nós somos incluídos nesses planos divinos, se confiarmos nEle e Lhe sermos fiéis até o fim, para então recebermos o prêmio da prometida Canaã Celestial.

Então, coragem! A jornada aqui ainda está aberta, prosseguindo livremente, e oferecendo-nos o tempo em que podemos nos achegar a Deus, através dos méritos que Jesus obteve na cruz. Não percamos mais tempo. O tempo passa, urge, e um dia se fechará a porta dessa Graça divina.

É hoje o dia da nossa salvação. Não deixe escapar esta oportunidade! Ela é sua, mas o inimigo de Deus, que quer ver-nos na miséria eterna, tenta simular que há outra alternativa. Não creia. Não há outra igual e nem semelhante.

O caminho é Jesus. Ele é o caminho, a verdade e a vida.

Vamos pois a Ele do ponto de onde estamos. Logo veremos uma grande diferença a nosso favor.

Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor.


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