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JÓ – XI – BLEFE DE UM ACUSADOR

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julio 30, 2020 by Bortolato

Jó capítulos 22 a 24

O que é blefar? Para alguns é uma arte, ou um artifício usado para se obter um fim. Para outros é um recurso válido em jogos de cartas. Para outros, ainda, é uma mentira dita em alto e bom som, dirigida a alguém, com vistas a obter uma resposta vantajosa para o blefador.

Isto é comum outrossim nos negócios. Um vendedor que oculta algum vício na sua oferta, para obter um preço melhor na venda, ou um comprador que astutamente desdenha ao máximo a cobiçada mercadoria, a fim de obter um preço mais baixo do que o real.

O rei Salomão já havia tomado conhecimento desse tipo de negociante, e o delata no livro de Provérbios:

Nada vale, nada vale, diz o comprador, mas, indo-se, então se gabará” (Prov. 20:14)

Alguém já disse, em consonância com este provérbio, que “quem desdenha, quer comprar”.

Um promotor público, quando resolve imputar culpas sobre alguém, sabe que, se não houver provas suficientes para manter em pé sua acusação, o juiz que considerará a causa, com certeza, irá desconsiderá-la, ou arquivar o processo, porque não há que se falar em culpa ou crime, quando não há provas.

Em certo julgamento que houve no século passado (EUA), um jovem foi tão insistentemente interpelado pelo promotor público, que restou exaurido pelo cansaço, e no final de uma série de ostensivas e tormentosas acusações desferidas com muita ênfase, o réu foi colocado em uma posição em que o crime de assassinato fora descrito com tantos detalhes (supostos pelo promotor), e o assassino viu-se desnudado diante de todos e do júri – a tal ponto que ficou extremamente nervoso e irado pela forma provocativa com que fora interrogado, e então perdeu a linha em pleno curso de seu julgamento. Descontrolado, ele confessou que matou, sim, e que mataria também ao promotor, se este não saísse de sua frente.

Este foi um blefe que funcionou, e trouxe a verdade à tona, o que solveu a questão e redundou na execução da pena prolatada pelo juiz empenhado no caso. Bateu-se o martelo, e findo o processo.

Quando, porém, lemos o capítulo 22 do livro de Jó, encontramos um caso de blefe totalmente diferente, desnecessário por sinal, o qual foi aplicado por Elifaz, um dos amigos de Jó.

Os três amigos deste último haviam usado da palavra por duas vezes, insistindo que Jó havia caído em um estado de profunda depressão por haver pecado gravemente, tendo por base somente os contínuos desastres que levaram-no a perder fortunas, filhos e por fim até a sua saúde, ao ponto de ficar em um estado lastimável, indo de mal a pior.

E lá estava Jó diante deles, deitado sobre um monte de cinzas que se grudavam às feridas de seu corpo definhado, e terrivelmente enfermo, ouvindo seus amigos molestos.

Insinuações já são, por si só, equivalentes a calúnias embaladas em papel de presente, indiretamente veladas, mas quando desembrulhados esses pacotes, expõem tudo com clareza…

No caso em pauta, Elifaz desta feita esqueceu-se de embalar com elegância e beleza a sua acusação, e passou a tecer uma série de calúnias, de maneira direta, sem temer estar importunando ao amigo de forma desumana. E Elifaz nem ficou vermelho de vergonha por isso…

As acusações são fortes: tomar as roupas de pessoas pobres a título de penhor; negar um gole da água ao cansado, e pão ao faminto; ignorar o desamparo de viúvas e de órfãos, fechando-lhes o coração e a mão; enfim, ser desumano para com os mais fracos e desafortunados.

Antes, Jó era um homem riquíssimo. Logo, era da sua pessoa, de quem se esperava que tivesse o senso de humanidade de socorrer a quem estivesse necessitado – e quem não tinha alcançado o status dele, logicamente ou por inveja, não perdoaria o pecado de um sovina.

Em suma, grande malícia, a iniquidade e a injustiça social teriam sido a causa básica da ruína de Jó, que agora deveria arrepender-se, deixar de praticar o mal e converter-se ao Todo Poderoso El Shadday.

Fica notória a impressão de que Elifaz, tanto quanto seus outros companheiros que vieram para visitar Jó, antes mesmo da desdita que este sofreu, tinham inveja de sua prosperidade, e já desconfiavam maliciosamente de que o amigo estava enriquecendo-se por fazer uso de práticas abusivas, próprias de homens ímpios: deslealdade nos negócios, e falta de misericórdia para com o próximo. Assim é que muitos ricos deste mundo são julgados pelos que, menos afortunados, observam o seu sucesso.

Ao ser-lhes revelada a queda grotesca do amigo Jó, então lhes veio à mente aquilo que esperavam já saber, dispostos até a lançar blefes estratégicos para extraírem uma confissão de um réu, que, ao seu ver, não poderia mais esconder-se atrás de aparências, e tinha que dizer logo aonde foi que o mesmo pecou.

Eles pareciam falar em uma linguagem estapafúrdia, que Jó mal podia acreditar que estava saindo daqueles lábios que outrora lhe eram tão afáveis, tão amigos, até um tanto bajuladores. Jó ficou até aturdido com tamanha ousadia de palavras, que forçavam todas as barras pra arrombar-lhe a porta da sua vida íntima e privada, sem um motivo plausível, e sem absolutamente nada que os justificasse.

Que dizer de pessoas que mentem e estendem o dedo acusador com o objetivo de imputar-nos uma culpa de pecado que não temos?

Eles insistem, repetem a mesma ladainha por diversas vezes, falando alto aos ouvidos do sofredor, gesticulando, tentando arrancar uma má nova para repassarem-na a tantos quantos possam ouvi-los…

-”Vcs viram o hipócrita? Fazia-se de santo, puro e imaculado, mas aquilo tudo era só máscara! O sujeito tinha uma vida mais suja do que pau de galinheiro!”…

E outras declarações inapropriadas desse gênero… Injustificavelmente fazem assim, como que vangloriando-se de haverem obtido um grande prêmio de vitória, uma informação inédita ao tentarem desmascarar um pecador…

E pensar que Deus olhou do Céu para a Terra, e procurou um justo, um só que O agradasse, mas constatou que TODOS pecaram, e por isso foram destituídos de Sua glória, tornando-se inúteis…(Salmos 14 e 53)

Parecem querer que a mentira seja revestida de trajes da verdade… mas isto não poderia ser assim, porque verdades são verdades, e mentiras são mentiras, e não há meios termos neste campo.

O pobre Jó, procurando exercer sua grande paciência, ainda teve que ouvi-los até o fim, mas isso não poderia ficar assim. Mentiras sendo lançadas como pelotes de lama sobre a verdade, tentando sujar, ofuscar e até apagar o brilho da integridade que tanto agradava a Deus (Jó 1:8 e 2:3)… Afinal, Jó sabia bem quem ele era diante do Todo Poderoso, e que, por mais imperfeito que o homem fosse, Deus também sabia quem era o seu servo fiel até a morte.

Ao ver que ninguém estaria disposto a ajudá-lo e compreendê-lo nesta Terra, Jó continua firme no seu desejo de encontrar-se com a única pessoa que lhe inspirava uma firme confiança de que ainda haveria uma esperança capaz de consolá-lo e reconfortá-lo: Deus!

Às vezes realmente não temos nenhuma pessoa para nos ajudar e nos compreender ao nosso lado; em certas ocasiões não os encontramos nem mesmo no meio da congregação dos justos – a ekklesia, os membros da igreja de Cristo neste mundo – pois todos têm lá as suas limitações de entendimento, mas acima de todas as coisas podemos crer e esperar que Deus nos acuda, pois Ele é fiel.

Jó, no entanto, encontra-se em uma posição em que não consegue visualizar aonde o Senhor estaria, e poderia ser encontrado, muito embora O tenha procurado diligentemente em seu viver diário, sempre com os olhos voltados para o Altíssimo, e na sua desgraça, ainda O procura, certo de que o Justo Juiz acolherá o seu pleito e o absolverá das suas culpas.

Jó, em meio à confusão que cerca seus pensamentos, pensa que Deus não estabeleceu tempos para proceder julgamento justo, a fim de fazer brilhar o sol da justiça, pois vê-se e logo se percebe que existe muita impiedade reinando sobre a Terra, os que oprimem aos órfãos e às viúvas, os que matam, roubam, adulteram, e acham que ninguém os identificará, uma vez que nos crepúsculos e sombras da noite encontram a ocasião para cometerem seus crimes.

Enquanto isso, os amigos de Jó insistem em dizer que a perversidade dos perversos são rapidamente surpreendidas pela morte. Afirmação um tanto contrastante com a realidade, pois isto nem sempre é assim. Jó já havia observado sobre essa questão, e constatou que Deus, por vezes, prolonga os dias dos ímpios sobre a Terra, e só depois de longos anos é que os tais são recolhidos como todos os demais que aqui vivem.

Na verdade, há tempo para tudo. Há, sim, tempo de semeaduras, tanto de obras de justiça, como da impiedade, e que ambas resultarão em apreciação dos valores semeados, e chegará o tempo da colheita do Juízo Final, quando tudo quanto os homens fizeram, seja o bem ou o mal, será julgado e receberá a devida recompensa, também boa ou má.

Quanto às acusações maldosas de Elifaz, Jó ainda procedeu de modo a tentar não valorizá-las, não tocando neste assunto diretamente. Ele vê que o seu amigo é teimoso demais para reconhecer o seu erro, e é aquele homem que “só pensa naquilo”, isto é, não tem mente aberta para reavalidar o seu posicionamento.

Ele, Jó, percebe que que para que seu amigo Elifaz voltasse atrás, seria necessário haver humildade em seu coração, o que na realidade não era notado, e as acusações desferidas por este em tom de blefe o denunciavam assim, de sorte que uma resposta dignamente ética se restringe em colocar em cheque o princípio defendido pelos três, de que Deus cedo tolhe os atos dos maus, impondo-lhes um breve período de vida, mas isto é o que diziam, pois nem sempre é o que acontece.

Realmente não faltam críticos prontos a atacar de forma agressiva aos homens de bem. Em verdade os tais nem sequer cogitam se as suas palavras, excessivamente carregadas de maldade, irão ou não destruir a quem julgam sem piedade. Aliás, há também aqueles que visam a destruir-lhes o nome, o moral, denigrem-nos o quanto podem, e esperam maldosamente para ver o resultado de suas acusações. Proferem maldições e difamam a não mais poder, para depois assistirem de camarote a destruição de suas vítimas.

Infelizmente, este mundo em geral não é acolhedor para com quem vive com problemas, e que com dificuldades procuram achar uma luz no fim do túnel. Felizes aqueles que encontram anjos de Deus para quebrar essa tendência malfazeja que vem com ímpeto para acabar de afogar os náufragos deste mar da vida.

O caso de Jó foi muito devastador, como poucos nesta Terra, e os “amigos” que se lhe achegaram não estavam sendo em nada misericordiosos para com ele.

Assim são muitas pessoas: aproximam-se inicialmente apresentando-se como “bons samaritanos”, mas por fim acabam poluindo as águas que poderiam oferecer um refrigério aos sofredores. Atribuem-lhes a culpa pelo seu estado, sem avaliar se de fato estão corretos. Isto é muito fácil de fazer, e difícil de reparar o estrago que fazem.

Certa vez Oliver Cromwell escreveu em uma carta para os seus “amigos de Jó”:

  • Rogo-vos pela mais profunda essência de Cristo que considereis a possibilidade de estardes equivocados.”

No fundo, culpas todos as temos, uns mais e outros menos. É necessário que cada ser se apresente diante do seu espelho, olhe bem para a sua mão denunciadora e saiba reconhecer que quando esta estende um dedo acusador, esta mesma mão ostensiva também aponta três outros dedos na direção oposta – isto é, contra o próprio acusador.

Se todos assim o ponderassem, cremos que haveria mais compaixão para com os acusados, e os olhos dos impetuosos passariam a ver aos seus demais com maior simpatia e bondade.

Não foi isto o que Cristo fez? Veio a este mundo, que se Lhe mostrou excessivamente hostil, para pregar Boas Novas aos pecadores, e, depois de toda a Sua vida, suportar uma cultura viciada de egoísmos e acintes, ainda consentiu em ser-lhes benigno, oferecendo o Seu próprio corpo para ser mal julgado, humilhado, zombado, cruelmente seviciado e ao final de um julgamento parcial, tendencioso, todo viciado de ódios, política poluída, invejas e insensatez; e por fim foi morto em uma cruz, no lugar daqueles e de outros pecadores a quem amou, dos quais eu e você fazemos parte graciosamente.

Precisamos olhar muito para Cristo, antes de nos fazermos de juízes da humanidade. Temos que ter em mente que existe um só Grande Juiz, que sabe julgar com justiça e amor a todos sem distinção. Ele sabe aplicar a disciplina quando necessária a cada um de nós, sem esquecer que somos pó, e que carecemos da Sua misericórdia.

A obra que Jesus fez nos chama à atenção para o fato de que teremos nEle, além da figura do Sumo Juiz, também a de nosso Sumo Advogado, apto a defender-nos quando a Ele nos valermos.

Além de Juiz e Advogado, Ele também é o nosso Sumo Sacerdote, que apresentou-Se a Si mesmo como vítima do sacrifício remidor, que tem o poder de justificar-nos , lavar as nossas culpas e tornar as nossas vestes mais alvas do que a neve.

Jesus tem, sim, completa ciência de tudo o que temos feito, conhece todos os nossos motivos e os nosso defeitos, sabe avaliá-los, e tem o desejo de tomar tudo em Suas mãos cravejadas, dos pregos da cruz, todos os nossos pecados e tornar-Se o nosso Remidor, nosso Advogado, nosso Salvador e assim, como Aquele que nos compra, pagando um preço de sangue, tem o poder de tornar-nos Seus servos, Ele tem o poder de fazer-nos filhos Seus – e é isto o que Ele mais anela.

Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Rei dos Reis, o legítimo Rei de toda a Terra, Senhor dos Senhores, Supremo Juiz e Sumo Sacerdote dos que assim O aceitam e seguem-nO, tem, caro leitor, um verdadeiro amor por sua alma, e mantém neste instante uma porta aberta para recebê-lo sem demora e sem obstáculos como um participante do Seu Reinado bendito, capaz de transformar a sua vida.

Ele conhece plenamente a nossa natureza de pecado, pois que Ele mesmo a tomou sobre os Seus lombos, e levou-a até a cruz, tendo em vista a nossa índole de pecadores, que estava sendo expurgada, gravando o nosso nome no Seu sangue, vertido pelos pregos que o pregaram naquele madeiro.

Não se acanhe, nem deixe o tempo passar, porque um dia essa porta de Sua graça irá fechar-se, e virá o Juízo sobre todos os homens e mulheres deste mundo. Hoje, porém, é a sua e a minha oportunidade – aproveite imediatamente, faça bom uso desta e receba a maior bênção que um cidadão deste mundo poderia receber: a vida eternamente abundante, que começa nesta Terra e culmina no Céu de Deus. Esta é a vida de bênçãos com Jesus, que não terá mais fim para os que O receberem e não voltarem atrás.

Abraços meus e de todo o povo remido por Sua graça. Deus abençoe.


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