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NÚMEROS – XIV – ÁGUAS QUE DEUS USA

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mayo 19, 2014 by Bortolato

Pôr-do-sol

Teriam, certas águas, o poder de purificar uma pessoa?   Sabemos que a lavagem com água é uma prática que faz parte da higiene pessoal, todos os dias.   Lavamos as mãos antes de comermos, e tomamos banhos com frequência, pois isso faz parte do nosso asseio.  Lavamos roupas usadas, constantemente; lavamos louças, pratos, talheres, pisos, paredes, e até tênis e calçados.  Mas isso, por si só não implica em uma lavagem da alma.

O homem vive buscando essa purificação, que lhe traga alívio a seus pesares, seus fracassos como pessoas de boa conduta e moral; a seus traumas psicológicos, e a tudo quanto represente qualquer tipo de barreira entre ele e Deus.   Os antigos essênios, seita contemporânea dos tempos do Novo Testamento, usavam o batismo tríplice, como veículo de purificação espiritual.   Os discípulos de João Batista, bem como os de Jesus, também batizavam a todos quantos manifestassem arrependimento de seus pecados.

A Bíblia está, em Números, capítulo 20, nos mostrando um antigo ritual, ordenado por Deus ao povo israelita, quando este ainda estava no deserto, mas que deveria durar por todo o tempo para estes, pois esta era a prescrição da Lei sobre a novilha vermelha.

Neste caso, aquelas águas purificadoras não eram constituídas quimicamente apenas de H2O.  Tinham que ser misturadas.   Com quê?   Tinham que ser misturadas  com cinzas dos restos mortais de uma novilha ruiva, que era totalmente queimada: couro, sangue e até o seu esterco!   Quem diria que cinzas de esterco servissem para a purificação do que quer que seja!???

Eis aqui um mistério.   Assim são as coisas de Deus.   Durante muitos séculos e anos, o Senhor exigiu que o Seu povo não ingerisse carne de animais considerados imundos.  Temos visto isso passeando pelo livro de Levítico.  Muitos não suportariam comer carne de um rato, de uma serpente, de um lagarto, de um escorpião, ou de uma aranha (embora na China tudo isso seja comum, vendido para consumo em mercado aberto ao público), mas um dia Ele falou para o Apóstolo S.Pedro: – “Levanta-te… mata e come!” (Atos 10:13), ao que Pedro imediatamente se negou, alegando jamais ter comido coisa alguma comum ou imunda.   Três vezes lhe veio a mesma visão, de animais imundos, com aquela ordem de Deus, e o Senhor ainda replicou-lhe:  “Não faças tu comum ao que Deus purificou” (Atos 10:15).

Ao profeta Ezequiel, por exemplo, foi exigido algo muito mais nojento:  que o servo de Deus fizesse bolos com esterco de vaca (Ezequiel 4:9-17), e os comesse durante trezentos e noventa dias, para que isso servisse de sinal ao povo…

Estaria o interesse principal de Deus se voltando para animais e aves destinados ao sacrifício, ou quereria Ele poupar aos animais considerados limpos, próprios para o consumo da carne?

No decorrer da narrativa do capítulo 10º do livro de Atos dos Apóstolos ficamos sabendo que Ele estava, sim, pensando e Se importando verdadeiramente com as almas da casa do centurião da corte italiana chamado Cornélio, e, por extensão, com as almas de todos os povos chamados gentios.

Uma novilha ruiva, ou vermelha, como queiram chamá-la, não por coincidência, era da mesma cor da terra – vermelha.   Aliás, o primeiro homem da nossa história, conforme a Bíblia, foi chamado Adão (Gênesis 2:7), porque foi formado da ‘Adamah (em hebraico = terra vermelha).  Que poderes teria uma porção de terra?   Se eu hoje fizer um boneco de terra vermelha e soprar sobre as suas narinas, este se levantará, e passará a ser alma vivente?   Com toda certeza, NÃO!

E se tomássemos uma porção de terra vermelha, e sobre esta, cuspíssemos, formássemos lodo com a mistura e esfregássemos esse lodo sobre os olhos de um cego de nascença, este passaria a enxergar bem, como nunca em sua vida?   Se fizermos isso confiados nos “poderes mágicos”, ou nas virtudes daquela composição de materiais, com certeza, não resultará em nada.   Terra não é um elemento com poderes sobrenaturais, e saliva, tampouco.   Mas como tudo tem um senão, diremos que poderia acontecer um milagre se…

Jesus fez isso um dia com os olhos de um cego de nascença; e o cego foi-se lavar no tanque de Siloé, e passou dali em diante a ver com clareza, como nunca tinha sequer experimentado antes, em toda a sua vida (João, capítulo 9º).

Realmente, o barro, as cinzas, fezes e os restos mortais de uma bezerra ruiva, são elementos materiais que não contêm nenhuma virtude em si mesmos, mas…

Mas Deus gosta de tornar coisas mortas, inertes, incapazes, sem vida, sem brilho, em algo de extremo valor espiritual – apenas quando Ele assim deseja fazer, e determina como deva ser procedido.

Assim foi com as cinzas da novilha vermelha.  As águas propriamente também não tinham nenhum poder de purificar as almas, mas no entanto, misturadas com as cinzas do que restaria da novilha ruiva, eram usadas para serem espargidas sobre pessoas que mantiveram contato com corpos mortos, ossos, ou sepulturas;   estes eram tidos por imundos durante sete dias.

Ao terceiro dia do contato físico com mortos ou sepulturas, o fiel teria de ser purificado pela aspersão que o sacerdote lhe lançaria da água purificadora sobre o seu corpo.   Por sete dias após o referido contato, seria imundo, mas depois, seria limpo aos olhos de Deus e do povo.

É certo que quando Deus age purificando ao Seu povo dos seus pecados, não há nada que O contrarie.

A cerimônia veterotestamentária da purificação tinha três facetas:  a cerimonial, a física e a espiritual.

Fisicamente, sabemos que a tal água não tinha poderes especiais para curar a ninguém, mas Deus usou dessa água desse modo misturada, e assim haveria a higienização.

Cerimonialmente, esse ritual tinha o poder de agir nas consciências dos fiéis e estes logo se sentiam alcançados pelo favor e a bênção de Deus.   Os que não obedecessem a esse rito, eram extirpados do meio de Seu povo, isto é, se não se retirassem sorrateiramente dali, seriam apedrejados.

Espiritualmente, vemos que a morte é um fenômeno que, após acontecido, ocorre a deterioração gradual do corpo do morto, até este atingir o estado final de putrefação, processo que á altamente contagioso.

Aqui há vários simbolismos que agiram em paralelo no mundo espiritual:  a novilha vermelha era algo raro de aparecer dentre os nascimentos desse animal – por sinal, havia muito tempo que não nascia uma dessas, sem defeito, em Israel, desde a queda de Jerusalém no ano 70 DC.,até que veio uma à luz em março de 2002, no deserto do Negev.

Esta é uma figura que representa a Jesus, o Cristo, que morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia.    Por isso é que Deus exigiu de Seu povo de então que os que mantinham contato com mortos fossem aspergidos com as águas da purificação – ao terceiro dia, e ao sétimo (paralelamente, ao terceiro dia da morte de Cristo, que culminou com Sua ressurreição, e ao sétimo dia, que era o dia do descanso judaico).

A novilha era morta fora do arraial, e lá era queimada in totum.

A morte, espectro do fim e da separação da vida, imperou desde os dias de Adão até que chegou o dia da Ressurreição de Cristo, o Rei da Vida, o Verbo Vivo,  e quando Este retornou da morte ao terceiro dia, tornou-se a nos ser concedida vida que vence a morte.

Os sete dias, no final, também eram exigidos com a finalidade de prevenir-se contra a contaminação física do povo.

O sangue daquela novilha, antes de ser esta queimada, era também, em parte, aspergido sete vezes pelo sacerdote, na direção da Tenda da Congregação, simbolizando o sangue de Cristo.

É impressionante: o sangue da novilha ruiva usado nesse ritual da purificação, símbolo do sangue de Cristo, era aspergido na direção do Tabernáculo, que era um símbolo do corpo de Cristo, Templo do Espírito Santo de Deus, como que profetizando que um dia Cristo iria morrer fora do arraial do povo, fora de Jerusalém, onde Ele derramaria ali o Seu bendito sangue, que nos purifica de todo pecado  (I João 1:7).

Ao terceiro dia Ele ressuscitou, vencendo a morte, e desfazendo a separação da presença de Deus.

As águas da purificação, pois, eram um símbolo do poder purificador do sangue do corpo de Cristo, que nos livra do poder da morte, do poder do mundo e do mal, expurgando-nos dos nossos pecados, e tornando-nos aprazíveis a Deus.

Que o sangue santo de Jesus nos purifique, e seja o sabão que nos limpa de todo pecado, e afaste de nossa presença o poder das trevas e da morte eterna.


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