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NÚMEROS – XV – PASSAGENS DA ESPERANÇA

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mayo 22, 2014 by Bortolato

Alguns esportes admitem, em suas competições, os revezamentos, a fim de que o desempenho de mais de uma pessoa possa cobrir o performance total, abrangendo todo o tempo das provas.   Esses revezamentos são necessários para que cada um dos participantes, por sua vez, possa doar o melhor de si no seu percurso.   São oportunidades que são dadas a cada grupo, para que tenham ocasião para mostrarem todo o seu preparo físico e psicológico capazes de obterem a vitória no cruzamento da linha final.

Assim é a vida nesta Terra.   Ela tem um tempo de duração, e, durante este, poderemos nos lançar a várias tarefas, em várias áreas, onde em certos momentos, teremos que nos doarmos totalmente para podermos ganhar o prêmio ambicionado, no final da carreira.

Assim foi, também, com o povo no deserto.   Assim nos conta o livro de Números, capítulo 20.

Passados, já, quarenta anos de peregrinação em regiões áridas, chegou a hora de um povo preparar-se para começar a experimentar o que é viver uma vida cheia de vitórias e  conquistas.

Como a vida de uma pessoa nesta Terra não é eterna, há a necessidade de a antiga geração “passar o bastão”, ou “passar o cajado”, como se faz nas corridas de atletismo onde os corredores fazem, cada um a sua parte, e passam um bastão para que o seguinte possa cumprir também a sua.

A corrida de Moisés, Aarão e Miriam está chegando no ocaso, ao final de suas carreiras, e a primeira dentre eles a deixar um legado nesta Terra e partir para o Senhor é Miriam.

A quem honra, honra, e não é, como dizem alguns, que só porque a pessoa morre, então ela parece que ficou “a melhor pessoa do mundo”, “boazinha”, “era tão boa”, e coisas afins são ditas.  Não se trata disso, no caso de Miriam.   O que ocorre é que cada um de nós terá um dia deixado um legado, olhando-se para trás – e o legado dessa mulher de Deus valorosa, profetisa, foi algo excepcional.

Desde menina, teve um desempenho inspirado pelo céu, ao seguir à distância a cesta de Moisés, que boiava pelo rio Nilo abaixo, com o coração cheio da esperança de que alguma manifestação da graça e da misericórdia de Deus viesse a salvar aquela criança.  O autor do livro de Hebreus nos diz que pela fé Moisés foi ocultado durante três meses, e os seus pais não ficaram amedrontados pelo decreto do rei (Hebreus 11:23).    Miriam teve que usar dessa fé para seguir aquela cesta abençoada a descer lentamente pela corrente do rio, até que a mesma foi achada por alguém importante dentro do império do Egito: a filha do Faraó.

Ao ver que a filha do Faraó se encantou com o menino, Miriam logo propôs-lhe que Joquebede, sua mãe, fosse quem criasse àquele “tirado das águas” (Êxodo 2:7-10).   Sugestão sábia, pronta, palavra de sabedoria, dita no momento apropriado.  Só este ato lhe concedeu altas honras diante de Deus e dos homens.

Mais ainda, quando Israel acabou de passar pelo Mar Vermelho a pé enxuto, ao ouvir o cântico de Moisés exaltando ao Senhor por ter-lhes valido poderosa e maravilhosamente, ela tomou o seu tamboril e, cheia da alegria da salvação, dada pela plenitude do Espírito Santo, saiu cantando, liderando uma plêiade de mulheres que também cantavam atrás de si.   Foi algo marcante, que ficou para sempre na memória do povo hebreu.

Moisés cantava: – “Cantarei ao Senhor, porque triunfou gloriosamente…  lançou no mar os carros de Faraó…” (Êxodo 15:1, 4)

Miriam então repetia estes dizeres nas suas palavras, cantando e dançando, movida por um fogo do céu, enchendo de graça aquele lugar, o qual, aos olhos de observadores humanos, do mundo e do diabo, era para ser a praia testemunha de uma tragédia, de um genocídio, e o lugar de suas sepulturas.

Existem jogos de basquete, de basebol, de futebol, de soccer e de outros esportes, nos quais uma grande “virada” no marcador é improvável, mas chega fenomenalmente a acontecer e, em certo momento, aquele time que estava sendo “engolido” pelo time adversário consegue levantar-se, e, invertendo resultado do jogo, torna-se o vencedor, ou o campeão, e ganha os louros da vitória, para euforia de sua torcida.   Os adversários, incrédulos, não conseguem nem entender o que aconteceu.

É isso que vimos no filme “Bem Hur”, na arena do Grande Circo.  O inimigo, agressivo  como um predador, foi derrotado, e tornou-se vítima de sua própria impetuosidade.   Isso aconteceu também bem ali, nas águas do Mar Vermelho.   De uma só vez, em um momento apenas, todo um exército com sede assassina do sangue dos hebreus capitulou.  Foi, em um ato, vencido e enterrado naquelas águas; alguns poucos corpos se viram chegar mortos à praia.

A vibração de Miriam naquele momento foi tanta, que alguns até perceberam que ela esbanjava uma energia que não era humana, não era dela – depois de uma extenuante noite de caminhada, andando por aquela longa avenida que Deus Jeová lhes abrira no meio do Mar.   Dançou, pulou, tamborilou, comemorou em alto estilo, enchendo o seu povo de alegria que vinha do céu, contagiando a outras mulheres e a todo aquela gente recém liberta da escravidão.

Dentre os três irmãos: Moisés, Aarão e Miriam, ela era a menos ilustre, mas teve grande valor diante de Deus, pois nela se manifestou o Espírito de Javé de uma maneira especial, dando ao povo uma demonstração de como um culto de louvor ao Excelso pode ser oferecido – com muita alegria, muita vibração, inspiração, em uma oportunidade única que ficou registrada na Bíblia para todo o sempre.

Foi-se Miriam, para a casa do Pai, mas seus gestos, seus feitos, ficaram marcados no livro de Deus para que o mundo todo o pudesse saber.

Números 20: 2-13 – Não nos faltará água, pois o Senhor é o nosso Pastor.   Tampouco nos faltará a misericórdia de Deus…

Alguma vez chegou a faltar água em sua casa?   Isso é um fato comum, que acontece em muitas localidades, durante algum tempo, mas não quer dizer que os seus moradores morreram desidratados, sem água sequer para beber.

Num lugar árido, a falta de fontes de água ou poços para o abastecimento do referido mineral é até algo esperado.   Não foi a primeira vez que isso aconteceu pela jornada de Israel, mas o Senhor esperava que, pelo menos depois de tantas vezes, tantos milagres de provisão, o povo pudesse entender que era apenas mais uma prova para aumentar-lhes a fé.   Quarenta anos já estavam-se passando, e eles estavam chegando no final daquela longa peregrinação pelo deserto.   Mas o povo murmurou mais uma vez.

Moisés e Aarão então se dirigem à Tenda da Congregação, e lançam-se sobre os seus rostos.  A glória de Deus lhes refulge novamente.

Desta vez, o Senhor não repreendeu ao povo expressamente, mas diz a Moisés para que este simplesmente falasse à rocha, e esta lhes daria a tão necessária água, exatamente como aconteceu em Refidim, próximo ao monte Sinai.

Moisés levanta-se, chama ao povo de rebelde, e fere a rocha duas vezes, batendo-a com sua vara, como que com ira no coração.   Com este gesto, ele não fez conforme o Senhor lhe havia falado.   Parece que desta vez, a prova foi mais para testar a Moisés do que para o povo, e ele não gostou.

Se há algum servo de Deus, profeta, a quem atribui-se muitos méritos por seu ministério tão tremendo, singular, forte, poderoso e maravilhoso, homem manso e humilde, esse é Moisés.   Naquele momento, porém, o servo de Jeová teve um lapso de falta de fé e de paciência, que trouxe à baila uma certa ponta de ausência do amor e da reverência para com o seu Deus.

Ficou irritado com as circunstâncias adversas, ouvindo muitos lamentos de uma gente aborrecedora.   Aquele ambiente de duras palavras, eivadas de dúvidas de uma fé morta, de repente alcançou o coração de Moisés, e ele, desgostoso, feriu à rocha, como que castigando-a, em vez de bendizê-la pela bênção que esta lhes traria.   Foi um instante de grande fraqueza psicológica, em que ele cedeu às pressões que sabia serem passageiras.  O povo todo viu aquilo e silenciou-se.    De vez que a água já estava brotando em grande volume, então passaram a dar de beber a todos, e assim terminaram o falatório e os queixumes.   A mão milagrosa de Jeová mais uma vez calou o clamor daquele povo.

A congregação repreendida asperamente por Moisés se acalmou, mas…  restou uma pendência entre o Senhor e os Seus servos.   Uma pontada de tristeza pairou no ar.   O Senhor Se desagradou do gesto revoltado de Moisés.   Até então, este servo de Deus estava indo muito bem, na condução espiritual do povo de Israel, sempre completamente submisso ao seu Deus, um exemplo para todos os seus companheiros de jornada.

Aquelas duras palavras saíram da boca de Moisés, que as passava para Aarão dizê-las ao povo, e aquela sua atitude ríspida deixaram algo entalado no canal de comunicação com Deus.   O Senhor, então, educadamente cumprira a Sua parte, fazendo mais um milagre, mais uma glória se viu, suprindo de água àquela nação, mas não Se esqueceu de colocar as coisas em ordem junto aos Seus servos, Seus veículos e elos de contato com o povo.   Tomou a Moisés e a Aarão à parte, e falou-lhes com  certo tom de mágoa.  Mágoa no coração de Deus?  Ele então Ele Se ressente de coisas que fazemos?   Claro que sim, mas fiquemos mui tranquilos, pois, na Sua misericórdia, muitas vezes nem ficamos sabendo o quanto Lhe pesamos ao Seu coração, pois Ele não o expressa – mas o retorno vem sobre os pecadores.

No caso de Moisés e Aarão, Ele, Deus, resolveu falar-lhes, ponderadamente, como um Pai quando se vê obrigado a tratar seus filhos com a vara da disciplina.  A queixa de Jeová foi então exposta:

“Porquanto não crestes em Mim, para me santificar diante dos filhos de Israel…” (Nm. 20:12)

O problema foi que todo o povo viu e percebeu a raiva e o descontentamento de Moisés, como que se irritando contra os métodos de Deus agir.   O lado humano e pecador do servo de Deus falou mais alto naquele instante, e sua liderança espiritual se achou enfraquecida; logo, perdeu o equilíbrio e a linha.   Falhou claramente, envolvendo ainda ao seu irmão Aarão, que era o seu porta-voz.

Seu trabalho de liderança foi importantíssimo até ali, e ainda teria muitas coisas a fazer, antes de morrer.   Fora um bravo, mas apesar disso, o que Deus decidiu foi que os Seus dois servos iriam continuar a ser Seus servos, mas o povo testificará mais tarde que um pequeno detalhe passaria a acontecer em sua história: os dois líderes irmãos não entrariam na Terra da Conquista.

Isto parecia ser uma notícia muito triste, dura, difícil de ser assimilada, mas ao menos o povo ficou ciente de que Deus pode perdoar-nos, mas as consequências inevitáveis de um pecado serão sempre prejudiciais ao próprio pecador, e tudo o que o homem semear, o há de também colher.

Moisés e Aarão, apesar de todos os seus méritos angariados em seus ministérios, não lograriam entrar naquela terra, a fim de que todo o povo ficasse sabendo:  Ele castiga, e repreende a todos quanto  ama – neste pormenor, não há privilegiados.   Todos participam igualmente do mesmo processo: líderes, leigos, jovens, velhos, ou até mesmo crianças.

Como receber um  tratamento desses sem rejeitá-lo?   Com tudo quanto o Senhor já Se havia comprometido em abençoar, não há nenhum outro lugar para onde irmos, conforme as palavras de S. Pedro:

“Para onde iremos nós?  Pois só Tu tens as palavras de vida eterna!”


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